BRASÍLIA – O ex-ministro e candidato
derrotado à Presidência da República Ciro Gomes (PDT)criticou a proposta de
autonomiado Banco Central , anunciada pelo presidente Jair Bolsonaro como
uma das medidas dos seus 100 dias de governo, afirmando que a eventual
aprovação seria caso de “ir pra rua e quebrar tudo”.
– Se começar a privatizar os dois
últimos bancos públicos e entregar o Banco Central ao predomínio do
sistema financeiro simplesmente se está destruindo a sustentação do povo
brasileiro. Isso é daqueles casos de a gente ir pra rua e quebrar tudo – disse
Ciro Gomes, ressaltando que ainda não conhecia o teor do projeto anunciado pelo
governo.
Questionado sobre a expressão, Ciro
afirmou se tratar de uma metáfora e do efeito de ter recebido a notícia pelos
jornalistas no meio da entrevista, mas disse que uma medida como esta da
autonomia do Banco Central não pode ser aceitada passivamente.
– Atribua minha reação a uma
surpresa que acabei de ter, mas não acho que o povo brasileiro deva aceitar
passivamente uma medida dessas. Uma maneira de reagir é ir pra rua de forma
calorosa. E eu não vou mandar ir, eu vou junto – afirmou.
O PDT lançou nesta quinta-feira uma
plataforma, chamada de Observatório Trabalhista, pela qual pretende acompanhar
os indicadores do governo Bolsonaro. Foram apresentados números que indicariam
queda na execução orçamentária nos primeiros dias da atual gestão nas áreas de
segurança, saúde e educação. Ciro por algumas vezes ressaltou que ainda não
podia cobrar resultados efetivos do governo, mas questionar direções apontadas.
Nesta linha, fez ataques à política externa que começa a ser implementada.
– O governo Bolsonaro, na minha
opinião, já merece crítica severa em relação à forma e conteúdo
com que tem se posicionado, é quase criminosa a conduta do
governo brasileiro em relação aos interesses nacionais e subalternação a
interesses, é chocante e constrangedora a vassalagem do governo brasileiro ao
império norte-americano – afirmou.
Sobre a reforma da Previdência, o
ex-ministro afirmou que sua proposta prevê um regime de capitalização apenas
após um patamar salarial superior a R$ 4 mil, a manutenção de um regime de
repartição até este montante e a garantia de se manter todos os benefícios
previdenciários vinculados a um salário mínimo. Para ele, a proposta enviada
pelo governo atual deve ser rejeitada pelo Congresso.
– Estaríamos produzindo uma imensa e
precoce legião de mendigos de idade elevada no Brasil – sustentou. (O
Globo)
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