A comunidade quilombola de Frechal (Mirinzal – MA) recebeu a caravana dos Diálogos pelo Maranhão no último final de semana. A primeira comunidade quilombola do Brasil foi reconhecida judicialmente por uma decisão de Flávio Dino quando era juiz federal, em 1994. O reencontro com os moradores da comunidade emocionou a todos os presentes.
19 anos depois do encontro acontecido na sede da Justiça Federal do Maranhão, seu Inácio Silva convidou toda a comunidade moradora do Frechal para relatar os momentos decisivos para que a legítima Terra de Preto fosse concedida aos atuais moradores.
“Nós tivemos muito medo de chegar aqui e ser expulsos ou de ter algum problema com o antigo dono. Mas o Flávio Dino, que era juiz do caso, disse: ‘Não se preocupem. Voltem para a terra de vocês, construam suas casas e façam suas plantações. Ninguém vai tirar vocês de lá, eu garanto’,” lembrou seu Inácio.
O primeiro encontro com Flávio Dino, na audiência que definiu Frechal como terra de quilombo, foi um momento de alento para seu Inácio e toda a comunidade. “Ele nos ajudou a entender não só nossos direitos, mas foi uma pessoa muito humana, nos recebeu e tirou nossas preocupações,” descreveu Juciene Silva, ex-presidenta da Associação da Comunidade Quilombola de Frechal.
Antes de virar a primeira comunidade quilombola,, Frechal pertencia a um grande empresário maranhense, que possuía até uma pista de pouso na região. O local que hoje abriga a comunidade tem ainda todas as características da fundação, em 1792: continuam lá as moendas, a chaminé, o engenho, os locais que abrigavam a senzala e a casa grande.
De domínio de remanescentes de quilombos maranhenses, a comunidade produz hoje arroz, milho, mandioca, feijão e farinha. Outro atrativo do local são as manifestações culturais, que preservam as características das etnias Angola, Benguela, Mina, Cabinda, Congo e Mandinga.
“Esse foi o exemplo que vocês deram para todo o Brasil de que, lutando por uma causa justa e se mobilizando em nome de direitos, é possível mudar a realidade. Tudo o que ouvi aqui é uma lição de vida que levarei sempre,” disse Flávio Dino.
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