“Fazer um curso profissionalizante me fez sonhar de novo, ter uma profissão, ter forças para mudar e levar bons ensinamentos para minha vida. Eu só agradeço pela oportunidade que eu tive”, contou feliz o adolescente José, que cumpre medida socioeducativa em uma unidade da Fundação da Criança e do Adolescente (Funac), em São Luís, e que pela primeira vez na vida teve acesso ao ensino profissionalizante. Do mesmo sentimento compartilha Carlos, socioeducando em uma unidade de Imperatriz, que destacou a chance de aprender algo novo e ter um certificado para comprovar o seu conhecimento.
José, Carlos e mais 182 adolescentes que cumprem medida socioeducativa nas unidades da Funac conheceram na prática o significado da palavra oportunidade. Ao longo dos meses de setembro e outubro, os socioeducandos foram capacitados nos cursos de Jardinagem, Barbearia, Noções de Eletrônica Básica, Artesanato em trabalhos manuais e materiais recicláveis, por meio das Oficinas Produtivas, com carga horária de 40 horas em média.
As oficinas visam a oferta da profissionalização no atendimento socioeducativo e são resultado da ação intersetorial da Funac, órgão vinculado à Secretaria de Estado dos Direitos Humanos e Participação Popular (Sedihpop), com o Instituto de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IEMA), vinculado à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti).
Os jovens das unidades de São Luís, São José de Ribamar, Paço do Lumiar, Imperatriz e Timon, foram certificados pelo IEMA no final de outubro e, agora, tem a sua oportunidade materializada em um novo aprendizado e um certificado, que vai possibilitar a sua inserção no mercado de trabalho ou abrir o seu próprio negócio, quando encerrarem a medida.
Profissionalização: direito fundamental
“O ensino profissionalizante para o José, o Carlos e outros adolescentes que cumprem medida socioeducativa antes de tudo é um direito fundamental, previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente, em segundo lugar fortalece a desvinculação com a prática do ato infracional a partir da aprendizagem de uma profissão, para que possam construir o seu projeto de vida e sejam capazes de se reinserir na sociedade”, explicou a presidente da Fundação da Criança e do Adolescente, Elisângela Cardoso.
Na perspectiva de possibilitar o acesso ao ensino profissionalizante, as oficinas do IEMA têm uma função estratégica junto à Funac. “O objetivo das oficinas é promover a formação profissional e garantir emprego e renda. De uma forma especial, o resultado da parceria do IEMA com a Funac oportuniza para estes adolescentes uma capacitação profissional e uma nova perspectiva de vida, novos horizontes através da inclusão e da educação profissional”, ressaltou o reitor do IEMA, Jhonatan Almada.
Desta primeira iniciativa os resultados foram muito comemorados pelas equipes do IEMA e Funac. “Alcançamos êxito nas oficinas tanto no que diz respeito aos adolescentes que absorveram todos os conhecimentos, quanto no trabalho realizado pelos professores e supervisores do IEMA”, comemorou Elisângela Cardoso.
No total, serão investidos R$ 246 mil pela ação intersetorial Funac-IEMA para a realização das oficinas, divididas em três ciclos que vão até janeiro de 2019. Com a avaliação positiva, a ação segue para o segundo ciclo com início previsto para esta segunda-feira (5). Nesta etapa serão ofertados os cursos de decoração de sandálias, pintura em tecido, jardinagem, pintor de obras, estética (manicure, pedicure e designer de sobrancelhas) e informática para mais 180 adolescentes.
Metodologia diferenciada
A partir da experiência exitosa anteriormente com a Secretaria de Estado do Trabalho e da Economia Solidária (Setres) na realização de cursos profissionalizantes, a metodologia das oficinas produtivas também foi adaptada à dinâmica do atendimento socioeducativo: cursos que mesclam teoria e prática em formato mais interativo. O resultado foi a conclusão da carga horária de forma integral e um aprendizado mais consistente.
Para a professora Gardênia Silva, que ensinou técnicas dos trabalhos manuais pela primeira vez na socioeducação, o aprendizado dos adolescentes superou as expectativas. “Foi muito surpreendente ver o crescimento e aprendizado dentro do curso, estavam todos muito interessados e buscando aprender algo novo. O artesanato abre um leque de possibilidades e, depois do curso, eles têm conhecimento e podem gerar sua própria renda, através da venda seus produtos confeccionados”, contou.
E o reflexo das oficinas aparece também na rotina das unidades. “Os adolescentes ficam mais focados no curso e as atividades fluem melhor, de fato, a profissionalização agrega um diferencial na vida dos adolescentes e no cumprimento da medida”, afirmou o diretor do Centro de Juventude Canaã, Dannyeryck Bernardes.
Na avaliação da coordenadora das unidades vocacionais do IEMA, Josélia Castro, o primeiro momento do IEMA na socioeducação foi muito importante. “Buscamos conhecer mais sobre essa área para a realização dos cursos, treinamos os professores a respeito do mundo da socioeducação e colhemos os bons resultados deste primeiro ciclo, tanto que as produções dos adolescentes foram expostas na Semana de Ciência e Tecnologia 2018, com muitos elogios dos visitantes”, destacou.
“Planejamos com dedicação essa iniciativa, foram inúmeras reuniões, visitas técnicas e mobilizações das equipes técnicas da Funac e do IEMA para que os cursos fossem realizados a contento e tivessem a participação ativa dos adolescentes. Agora, seguimos para o segundo ciclo, levando oportunidade e o ensino profissionalizante para mais adolescentes”, declarou a diretora técnica Lúcia Diniz
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