Sempre que viajo para a Baixada e Litoral Maranhense fico extasiado e encantado com as
paisagens naturais, notáveis e de rara beleza da Baixada e Litoral Maranhense. Recuando no
tempo, relembro o dia em que meu pai, João de Assunção Pinheiro, pequeno comerciante,
artesão de chapéus e rezador, levou-me pelos campos da Baixada Maranhense, a partir da
cidade de São Bento, no final do mês de dezembro de 1977, em um jipe por ele alugado
penetrei naquelas clareiras por estrada de terra, observando os lagos e as lagoas cheias de
gaivotas, guarás e outros pássaros típicos daquela alterosa região. Indaguei-me então porque
antes não havia ainda ido presenciar todo aquele acervo natural, talvez único em todo nosso
Estado do Maranhão, um relicário de todo o Brasil. Região pantanosa e de difícil acesso, ainda
com estradas precárias na época, especialmente, invernosa, quando dificilmente até mesmo
de cavalo (do qual peguei ainda uma queda e fique sem meu relógio), com vegetação bastante
variada de mangues, algodoais, andrequicéis, capinzais entrelaçados, por onde deslizam as
canoas de remo, com os pescadores ou embarcados para as mais distantes paragens com suas
ilhas, tesos, povoados de terras firmes. Realmente, só quem por ali anda presencialmente
pode sentir e descrever as emoções dessas paisagens maravilhosas e encantadoras de imagens
coloridas, transformadas em fotografias, vídeos ou mesmo filmagens, por intermédio de
equipamentos eletrônicos sofisticados, porque são cenários estonteantes de rara beleza e
encantamento natural sem igual. Posso dizer que essas paisagens naturais são únicas e
peculiares, atravessando os chamados campos que se iniciam em Perizes e chegam até Viana,
num corredor de imenso verde e muita água perene doce em mistura com a salgada da Baía
de São Marcos, com atrações fenomenais de pescado, em diversas espécies, curimatá, tarira,
branquinha etc., degustadas com farinha d´água e sucos de plantas nativas como mamão,
abricó, manga, caju, carambola e tantas outras de qualidade e sabor apreciável.
E assim quase sempre quando ia e voltava à Baixada e Litoral Maranhense sempre noticiava no
programa aos sábados levado ao ar na Radio Educadora do Maranhão, chamado “A Lei é para
Todos” (que durou 15 anos), ou então no “Destaque da Imprensa”, com a participação de
outros colegas jornalistas e radialistas, como Jersan Araújo (recentemente falecido, de São
João Batista, que chegou a ser vereador por aquele município), Jota Kerly (radialista e veterano
da radiodifusão proveniente de Pinheiro-MA), Nonato Reis (hoje célebre escritor, natural de
Viana, cujas obras tem descrito com genialidade seu torrão)) e Othelino Filho (ilustre jornalista
já falecido) e como também com maior frequência nas páginas do Jornal Pequeno, onde eu
narrava as peripécias das viagens por terra, mar e as vezes nos lombos de jumento,
verdadeiras jornadas, onde descrevia as aventuras por carro, de ônibus, de lancha e canoa, a
pé, montado as vezes a cavalo e em jumento, algumas delas em que enfrentava sacrifícios e
longas caminhadas, em estradas carroçáveis, poeirentas e piçarradas, lamacentas e
escorregadias, as vezes até obrigado a voltar do percurso pela impossibilidade de a viagem
continuar devido aos atoleiros, e assim utilizei nessa ocasião diversos títulos emblemáticos
como “Tributo de Amor-Saudade a Guimarães”, “Maranhão, de muitos problemas e poucas
soluções”, “Um lugar chamado Sororoca”, “Baixada: da lama ao asfalto“, “Recordações de
meu pai” e tantas outros artigos e reportagens publicadas sob o crivo da emoção e de
sentimentos de tentar fazer chegar às autoridades competentes e à opinião publica em geral o
grito dos baixadeiros e das comunidades do Litoral Norte do nosso Maranhão cansado de
guerras e combates, as vezes bem sucedidos e noutros nem tanto com derrotas, fracassos,
como vitórias e conquistas, sempre deploradas ou exaltadas, com suas festas sazonais do
calendário religioso ou momesco, como ladainhas, folguedos e bailes.
Tantas vezes me perguntei porque uma região tão rica e de tantas belezas naturais e recursos
alimentares, de potencial econômico como carnaúba, coqueiros, mandioca e tantas outras
frutas como carambola, manga, coco babaçu e da praia, de fauna riquíssima, como tatu, preá,
búfalo, porco, pato, galinha, preguiça etc, continuava abandonada, embora exaltada, por mim
e outros amigos e conterrâneos, cujo legado maior seria a falta de infraestrutura, hospitais,
escolas e postos de saúde, segurança pública, entretanto, deve-se ressaltar que daquele
período (1977) para cá houve progresso em se alcançar patamares melhores nesses requisitos
e a tendência é progredir cada vez mais até com asfaltamento e pavimentação de estradas,
com abertura de boas rodovias e até pontões modernos, ainda que a travessia de ferry-boat
continue ser a pedra no sapato dos baixadeiros e habitantes do Litoral Norte Maranhense.
Porém, nossa abordagem preferencial é sobre as paisagens miríficas de que dispõem a Baixada
e o Litoral Maranhense, dignas de figurar em qualquer almanaque ou amostragem de turismo
religioso, cultural, de lazer e recreação, como a Praia de Araoca, no município de Guimarães, a
de Itapeua, no Município de Cajapió, os rios e os lagos de Anajatuba, Vitória do Mearim,
Viana, Matinha, Cajari e Penalva, os portos da Raposa, em São João Batista, os campos e lagos
de São Bento, Bacurituba, Peri-mirim, Palmeirândia, São Vicente Ferrer, Pinheiro, Bequimão,
Central, Mirinzal, Cedral, Porto Rico, Serrano do Maranhão, Bacuri, Apicum-Açu e Cururupu,
esses últimos com seus mares piscosos e lencóis arenosos, igarapés, suas enseadas e praias
estonteantes e espetaculares, enfim, um relicário de belezas naturais, notáveis e de raridade
incomum.
Nesse aspecto, frise-se, que as imagens projetadas em qualquer ambiente cenográfico seria
difícil de representar a própria realidade das imagens sensacionais da Baixada e Litoral
Maranhense, que somente ao vivo é possível de desfrutar com toda a onda de mistérios e
sensações que envolve cada um desses lugares, espaços habitado por ribeirinhos, pescadores
e pessoas de atividades agrícolas, cuja a vida é de absoluta tranquilidade e qualidade sem par.
Cremos realmente em futuroso destino para a Baixada e Litoral Maranhense, por isso, essas
pequenas pinceladas de seus imensos recursos naturais, de sua beleza, dos encantos e
riquezas culturais ancestrais de sua boa gente nos levam a sentir que é um lugar abençoado
por Deus e lindo por natureza, e com certeza devemos preservar para as futuras gerações esse
legado que nos emociona e merece louvação à Deus por possui-lo e usufrui-lo aqui na Terra.
Preservá-lo é preciso!
*Texto da palestra a ser proferida no dia 04/12/2025, nos Diálogos Baixadeiros, seminário
realizado pelo Curso de História da Universidade Federal do Maranhão – UFMA
**Josemar Pinheiro, advogado, jornalista e radialista, graduado em Direito e Comunicação
Social (Habilitação em Jornalismo) pela Universidade Federal do Maranhão – UFMA, ex-
professor de ambos cursos em que se habilitou, exerceu os cargos de Promotor de Justiça na
Comarca de Cândido Mendes-MA, Conselheiro da OAB-MA e Presidente da Comissão de
Direitos Humanos e membro da Comissão Nacional de Direitos do CFOAB (1990/94),
Procurador Geral do Município de São Luís, Secretário de Estado da Casa Civil do Maranhão
(2007/2010). Mestrando em Direito Público pelo convênio CEUMA-UFPE (1999/2000).
Fundador e ex-presidente da Sociedade dos Conterrâneos e Amigos de Cajapió – SCAC (há 36
anos) e editor de jornais periódicos que circularam em defesa e proteção da Baixada
Maranhense como “Gazeta da Baixada”, “O Caranguejo – berço de vida e fonte de
alimentação” e “Clamor da Hora Presente” e colaborador nos matutinos “Jornal Pequeno”, “O
Imparcial”, “O Debate” e “”Tribuna da Imprensa”, na cidade de São Luís-MA, assim como de
programas radiofônicos e televisivos na Radio Educadora, Rádio Timbira e TV Guará.
Atualmente é Delegado Representante do Sindicato dos Radialistas do Estado do Maranhão –
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